Brasil e Argentina tiveram uma disputa ferenha pela influência no Uruguai (antiga província brasileira, a Cisplatina) e pela hegemonia na região do Rio da Prata, travada durante o período imperial brasileiro nos anos de 1851 e 1852.
Quando o conflito se iniciou ao sul do continente americano, chegava ao fim do outro lado do mundo a Primeira Guerra do Schleswig que deixou um grande contingente de soldados disponíveis. Essa guerra era um desacordo entre Dinamarca, que apoiara Napoleão e que deveria devolver ducados para a Prússia e Áustria, mas não o fez gerando essa guerra. No seu término o exército brasileiro contratou e embarcou para defender o Brasil doze companhias de mercenários germânicos, cerca de mil e oitocentos soldados de várias regiões que haviam lutado nesse conflito bélico, chamados de Brummer; Eles chegaram ao Rio de Janeiro em junho de 1851. Uma das razões dessa preferência é que já havia imigração de colonos germânicos para o Brasil, pois o Imperador D. Pedro I era casado com a arquiduquesa austríaca D. Leopoldina, filha do Imperador, ou Kaiser da Aústria ,Francisco II.
Nesse contexto lutar era uma profissão como outra qualquer.Engajar-se sob outra bandeira era contingência da necessidade de mão-de-obra em outros exércitos.Os oficiais e soldados vieram como profissionais das armas, contratados formalmente, era um trabalho.
Nessa ocasião o Império brasileiro também comprou farto material bélico: cerca de 200 fuzis Dreyse com agulha de carregar pela culatra, era o que havia de melhor e mais evoluído no velho mundo, cerca de 12 canhões prussianos,2 equipagens de pontes e 40 carretas austríacas de 4 rodas, para tração cavalar ou muar.Os canhões e equipagens de pontes se mostraram impróprios para as operações de guerra das campanhas do Rio Grande do Sul e do Uruguai, pois havia carência absoluta de estradas e pontes .
Brummer significa resmungador, murmurador. Os Brummer. Os ranzinzas. Provavelmente reclamavam do soldo e das condições de vida e falavam um dialeto estranho aos demais imigrantes alemães. Mas também dava - se o nome a antiga moeda feita em cobre com a qual eles eram pagos. Eram moedas pesadas que zuniam no balcão dos armazéns.
Os oficiais Brummer tinham grandes rivalidades entre si, que durante a viagem foram sendo reforçadas até a frente de batalha no sul do Brasil. Muitos soldados recrutados eram novatos, e longe da terra natal se entregavam a brigas e arruaças. Eles também deveriam obedecer ao sistema disciplinar prussiano, o que não funcionava para uma “legião estrangeira”, pois se tratava de uma espécie de código de honra.
Muitos desses homens eram atiradores experientes e equipados com os modernos fuzis, foram estrategicamente distribuídos entre as unidades de Infantaria, com a proposta de caçar os artilheiros de Rosas (Ditador Argentino) no seu raio de alcance, essa surpreendente tática forçava facilmente o rompimento das posições de artilharia inimiga, e a conseqüente penetração da cavalaria brasileira.
Porém poucos foram enviados para linha de frente para defender as fronteiras meridionais, pois os oficiais do exército brasileiro não confiavam muito neles. Até porque ao chegarem ao território conflagrado, a guerra estava terminada. Muitos morreram de frio, desnutrição ou doenças recorrentes da carência alimentar, outros tantos desertaram. Os Brummer tinham um contrato de quatro anos, e só no final desse tempo receberiam o dinheiro e passagem. A maioria preferiu ficar aqui, e o prazo do contrato foi cumprido vagando pela provincia do Rio Grande. Engajados ao exército permaneceram somente 450 que receberam terras posteriormente nos núcleos de colonização alemã. Trabalharam como comerciantes, agrimensores, agricultores, professores ou diretores de colônias. Entre eles uns seguiram carreira política, tinham alto nível intelectual. Parte desses homens se integraram ao Regimento Mallet em Santa Maria, a “bateria alemã”.
Alguns Brummer que se destacaram foram: Carlos Von Koseritz, na defesa dos direitos políticos dos imigrantes, o Barão Von Kahlden, Wilhelm Von Ter Brüggen e Frederico Hänsel que foram membros da Assembléia Provincial do Rio Grande do Sul; Herrmann Rudolf Wendroth, pintor que registrou em aquarelas a vida da província sulista, Franz Lothar de la Rue, primeiro diretor da colônia de Teutônia; Carl Otto Brinckmann, jornalista em Santa Maria; Carlos Jansen, jornalista em Porto Alegre.
Recrutados para defender pátria alheia, porém sua luta seria outra, sua guerra seria sobreviver em terra estranha, sobreviver às adversidades do destino.
Soldados sem guerra, longe da pátria mãe, da família, sem medalhas, sem honras de herói, enfrentando conflitos que não eram seus, sem bandeira, fugidos da fome, da miséria, da revolução industrial, da falta de unidade, da terra exaurida, do êxodo rural e cheios de desejos. Os resmungões: silenciosas e caladas memórias em livros de história.
Gostaria de encontrar o nome de meu trisavô FRANZ FRIEDRICH RÖHRS (ou Roehrs) entre os Brummers, pois conta meu avô que ele veio como militar em 1851 para guerrear contra o ditador Rosas da Argentina. Ele sobreviveu e permaneceu aqui, tendo contraido matrimônio com Catharina Brand no dia 01/05/1865 na linha Dª Josepha, interior de Santa Cruz do Sul 9(DN 28.02.1826 e DO: 06.04.190l,em Candelária/RS)
ResponderExcluirTenho uma relação com os nomes dos legionários alemães e nela localizei: um Franz Röhrs. viniciusdpace@yahoo.com.br
ExcluirOlá, meu avô também lutou nessa guerra, o nome dele era Paul Heinrich Schlottfeld, e estou a procura de informações sobre o assunto, ficaria muito feliz se alguém pudesse me ajudar.
ExcluirObrigado
tente esse livro História de um "Resmungão" da Legião Alemã de 1851 no Brasil; Schleswig-Holstein, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Campanha do Uruguai, e Colônia Dona Francisca (atual Joinville); autor Francisco Lothar Paulo Lange; Curitiba; 1995.
ResponderExcluirou
ResponderExcluirD. PEDRO II E O JORNALISTA KOSERITZ
escrito por Regina Gonçalves
e Regis Lima de Almeida Rosa
Editora Viajante do Tempo
ISBN: 8563382004
ISBN-13: 9788563382009
Livro em português
Brochura
1ª Edição
- 2010
estou procurando o nome NATH eram dois irmaos que vieram e um voltou para a alemanha e outro ficou de quem sou descendente
ResponderExcluirAntônio Andrioli participou é meu tetravô
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